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Somos cultura e arte: Os problemas enfrentados por artistas negros e o poder de abraçar o cenário da arte negra



Desde tempos antigos, a arte permeava a vida da população negra, presente em suas cantigas, canções, pinturas, esculturas e homenagens. A população negra contribuiu com o desenvolvimento cultural e capital de nações inteiras, inclusive no Brasil. No entanto, o andar da carruagem nos mostra espaços vazios quando pensamos em personalidades artísticas negras na história. Como e por que isso acontece?

Hoje te convidamos a uma reflexão e apreciação panorâmica do cenário da negritude dentro do âmbito artístico e como isso ainda faz toda diferença para a preservação da nossa história e identidade.  


Os problemas do CENÁRIO ATUAL na arte negra


Hoje, artistas negros tomam conta de paradas musicais no mundo todo, mas talvez a música seja a modalidade de arte mais fértil possível para eles, já que não podemos ignorar a falta de representatividade atual nas outras 10. Se fosse um desafio nomear 5 cineastas negros, talvez a maioria da nossa audiência falharia, e o mesmo aconteceria quanto a fotógrafos, e pintores…


A realidade é que o cenário da Arte é repleto de racismo, o que motiva e exemplifica a falta de pessoas com tons mais escuros ocupando lugares de protagonismo e a consumindo. 

Talvez, a primeira barreira que impede que esse ciclo seja quebrado é a do acesso. Afinal de contas, quando estudamos arte na escola, estudamos pela perspectiva do europeu, observando o que seria arte cruzando a história até os dias atuais.


Sob a cortina da democracia racial, fechamos os olhos para essa realidade acreditando que o negro só pode fazer parte de movimentos artísticos injustamente marginalizados até hoje, ou até mesmo que o que suas mãos produzem é no máximo artesanato, quando na realidade temos potencial para ocupar as maiores galerias do mundo; nós já fazemos isso, com material roubado, porque, afinal, o que é o Louvre se não um amontoado de espólios de colonizações violentas e assaltos históricos a civilizações que eram muito mais evoluídas do que a dos assaltantes? 



Outro vilão que afasta o negro do sucesso artístico vive no esvaziamento de identidade que mora na apropriação de estéticas, sem que créditos sejam devidamente dados aos criadores. 


Dos diversos exemplos que podemos citar para ilustrar esse pensamento, nenhum é mais pontual e atual que o Country, nascido na década de 20, pelas mãos dos moradores da zona rural do Sul e do Sudeste Americano, que começaram a criar músicas e ritmos com alguns instrumentos trazidos da Europa e da África. O povo negro teve sua parcela (muito importante) em um gênero que é visto, consumido e percebido como “branco”. Isso é tão violento ao ponto da cantora texana mundialmente conhecida, Beyoncé, ser recebida com violência em uma premiação Country no ano de 2016.


O episódio foi decisivo para que a cantora decidisse que, em 2024, faria as pessoas se lembrarem das raízes do Country, mostrando que ela era tão pertencente àquela sonoridade quanto todas as pessoas brancas que tomavam o holofote por ela, com o álbum “Cowboy Carter”


É importante ressaltar que, mesmo que Beyoncé esteja triunfando em tomar o espaço que é dela, iniciando conversas a respeito disso e levando outras personalidades negras com ela, isso não é o suficiente para resolver o problema com a falta de pessoas negras no gênero e obtendo sucesso por ele. Triunfos pessoais são importantes para nossa autoestima, mas eles não resolvem um problema que é estrutural e social. 


Um estalo pode mudar tudo: a importância de nos entender como potenciais artistas


É poderoso quando nos enxergamos de informação a respeito e nos propomos a pensar arte como uma possibilidade e parte integrante importante para nossa identidade como pessoas negras. Afinal, para além do que já foi colocado na mesa, arte é ainda uma maneira eficaz de mudar a história de pessoas negras (dentre outras minorias). Projetos artísticos fazem a diferença em bairros e áreas onde a criminalidade alcança mais facilmente as pessoas do que as oportunidades lícitas de ganhar dinheiro e o conhecimento.




A arte faz parte de nós como população negra, e ela nos salva. Apenas sabendo disso poderemos seguir preservando nossa identidade como nossos ancestrais fizeram, não nos permitindo esquecer de onde viemos e o que criamos. 

Continue conosco fazendo essa reflexão nos acompanhando no Instagram (@wilifa.br). 

Além disso, te convidamos a repensar a identidade da arte atualmente. Você pode marcar presença na roda de conversa entre a Lateral Galeria e nós, com o tema “Arte


Contemporânea: Patrimônio e Identidade”. O evento acontece em 26 de abril, na Lateral Galeria Contemporânea de Arte, no endereço Rua Dona Leopoldina, 618 - Alto do Ipiranga, em São Paulo, capital, das 18h às 21h.  As inscrições são gratuitas via Google Forms para, no máximo, 15 pessoas. Te encontramos lá?



Texto escrito por Natasha Santos, redatora na Wilifa



Publicitária, redatora, escritora, compositora e artista independente, Natasha tenta colocar um pouco de si em tudo que escreve (mesmo que nem sempre seja possível; esse é o verdadeiro desafio).

Com seus 5 anos de atuação no mercado publicitário, procura desmistificar temas, facilitando o entendimento de mensagens para quem precisa entendê-las, conectando pessoas e marcas.

Em seus 25 anos, a sergipana se vê fascinada por sons, cores, histórias e a própria história, exaltando tudo que é e tudo que veio antes dela, em um resgate ancestral e, se possível dizer, até justo.


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