Ao homem negro padrão, tudo, mas peraí, que tudo estamos nos referindo? Atenção das mulheres, crença de desempenho sexual devido ao imagético criado sobre seu falo e status social de estar com um homem desses ao seu lado. E Seus medos? Seus anseios? O que deixou de realizar justamente por ser esse homem padrão? Quem se importa?! Cala sua boca e performa a masculinidade esperada, a sociedade te grita!
Ao homem negro fora do padrão (gordo, baixo, com seu black assumido, mais sentimental, estudioso, que não gosta de futebol), nada, nem atenção, nem afeto e preterimento desde a sua infância, inclusive dentro da sua própria família. Não ser quem é o objeto de desejo é sua sina. Mas quem se importa, se nem ele mesmo consegue enxergar isso?! Só percebe que as mulheres ou até mesmo outros homens não o desejam como aquele homem negro, alto que joga basquete e que tem seus cabelos religiosamente bem aparados e curtos desde sempre.
Ei…porque você está me olhando? Eu gosto de caras de 1,80 que jogam basquete e samba, vaza daqui baixinho/gordinho! Na verdade, volta aqui, já que não tem tu, vai tu mesmo, pelo menos você é bom de cama??!! É o mínimo que espero de você!
Quem liga se esses dois homens (o padrão e o fora dele) gostam de jazz, de ler livros e olhar a lua e enxergam a vida com um olhar singular aos pequenos detalhes que ninguém repara. Quem liga se eles gostam de estar atentos às falas de Ailton Krenah ou de escrever poesias sobre a lua em dias tristes? Você se importa que esse corpo negro masculino nunca recebeu um cafuné? Um beijo na testa? Toques sem conotação sexual, ou que até mesmo nunca escutou um único eu te amo de seu próprio pai? Eu disse: VOCÊ SE IMPORTA???
Você e ninguém se importa, porque no final do dia cabe a esse homem performar a masculinidade que lhe cabe dentro dos padrões eurocêntricos brancos de violência e supremacia machista.
Como então diante de tudo isso construir afetos positivos negros masculinos? Seria possível? É sim, tem que ser e se não for possível a gente faz ser, porque esse ato é de extrema necessidade, inclusive para que esse homem possa ter a liberdade de ser simplesmente quem ele deseja ser e se olhar pela primeira vez com amor verdadeiro a si mesmo.
Mas não se esqueça que essa conta, muitas vezes não vai fechar…muitos homens negros estão COMEÇANDO a se amar agora, ou seja, quem não se ama, não consegue estar aberto para receber amor e a jornada de alguns relacionamentos ficam complexas, já que é muito difícil amar alguém que não quer ser amado e dar aquilo que não se tem...já parou pra pensar sobre?
No final das contas, a afetividade do homem negro se encontra e está em construção; a passos bem lentos, mas se encontrar e algumas vezes se perdem no caminho. Mas é assim que é a vida, não é?
Para que possamos encerrar o mês de conteúdos sobre essa temática, realizaremos uma roda de conversa exclusiva para homens negros. Venha construir conosco a sua narrativa de afeto.
Dia 29/03, terça-feira
Horário:19h
Via: Plataforma virtual
Inscrições no site da Wilifa na aba roda de conversa
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