Conversar sobre a jornada da identidade racial no Brasil é algo relativamente novo e vamos explicar porque.
Novo no nome, porque na realidade esse processo já acontece faz muito tempo, o que está rolando com mais presença e protagonismo é a discussão desse tema.
Ou seja, quando identificamos um indivíduo que passa por uma série de situações que o levam a um questionamento da sua identidade racial e consequentemente questionamentos internos pessoais, ela (e) está passando pela jornada da identidade racial. Isso quer dizer, estamos dando nome a um processo que antes nem nome tinha.
E qual seria o objetivo final dessa jornada? A autoconfiança na auto declaração como ferramenta política, como exigência de cumprimento de leis constitucionais. Construção de uma nação que sabe quem se é, conhece os verdadeiros meandros da história que constituiu o Brasil enquanto um país que foi invadido e colonizado a força e consequentemente a isso tudo, temos uma mudança no sistema que rege o Brasil passando de um olhar e costumes indígenas para o eurocêntrico, ou seja onde a visão europeia passa a ser considerada a correta em termos de cultura e valores. Descartando e desvalorizando tudo o que não for desse origem.
Portanto falar de forma assertiva, estudada e aprofundada gera mudanças no sistema vigente. E você pode se perguntar agora, porque uma mudança no sistema, se estamos falando de um indivíduo que está se entendendo quanto indígene ou negre? Bom...a mudança de fato é individual, contudo uma massa de indivíduos, conscientes e politizados forma um sistema atuante em prol, positivamente, de uma comunidade que vem sendo sistematicamente marginalizada. Portanto, um impacto sistêmico só é gerado através da iniciativa de um indivíduo que mobiliza outros.
Nós da Wilifa sabemos que é exatamente nesse ponto que o Brasil se encontra, nessa jornada da identidade racial e aí é um tal de pergunta pra cá, pergunta pra lá sobre: "Eu sou indígene, eu sou negre, eu sou parde? Entender que em cada comunidade a forma de identidade racial funciona com suas caraterísticas próprias é muito importante.
Por isso que no mês de outubro, falaremos de forma mais aprofundada sobre os processos eugenistas brasileiros, a miscigenação como construção de uma nação e suas consequências, colorismo e a retomada da identidade racial no Brasil. Porque para chegarmos na retomada da identidade, se faz necessário sabermos o que aconteceu lá atrás na nossa história, para entendermos o porque ser indígene e negre nem sempre é um processo fácil e leve, quando estamos falando de autodeclaração.
Assim como você conseguirá entender porque mesmo quando você se autodeclara indígene ou negre, tem sempre um ser vivo que parece que brota do chão só pra te falar: “Mas você nem é tão negre” ou “Você não parece indígene”. Nessas duas frases, temas a invalidação da subjetividade e história individual e ao mesmo tempo a estereotipação fenotípica. Normalmente essas pessoas esquecem que o Brasil foi berço de um processo forçado de miscigenação com o homem branco, o que levou consequentemente ao apagamento de traços predominantes.
Ao mesmo tempo se faz necessário entender que em um país com mais de 220 comunidades indígenes, por exemplo, cada uma possui sua característica fenotípica e não aquela esteriotipada dentro das salas de aula.
Portanto, assim como nenhum indígene é parecido com outro as pessoas negras também não são.
Ainda vivemos com o pensamento que só é negro quem tem lábios carnudos, nariz largo e cabelo crespo e é escuro. Só será considerado indígena quem tem a pele escura, cabelos lisos pretos e anda com um tipo X de roupa. Esse tipo de pensamento precisa ser ampliado e desmistificado.
Como sempre, a proposta é levar você em uma jornada de conhecimento mais aprofundada sobre temas que, mesmo a internet causando essa sensação de urgência, sabemos que o certo, é seguir o fluxo contrário. Ou seja, quando todos os lados gritarem: “Sejam rasos nos debates!” Nós seremos profundos. Portanto saiba que se é conhecimento profundo que você busca, esse é o local certo.
Ao longo de outubro teremos 3 posts por semana destrinchando esse tema que ainda está muito longe de ter uma resposta final, mas os passos dessa caminhada, já começamos a trilhar e nós te convidamos a seguirmos juntes! Vamos?! Dia 04/10, segunda, já tem post novo te esperando!
Não se esqueça a Wilifa veio para te responder algumas perguntas, contudo mais importante do que isso, viemos para te fazer perguntas, essas que só você poderá responder para si mesma.
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