Estimular um pensamento sobre amor próprio dentro da comunidade negra é um ato revolucionário. Essa frase para algumas pessoas pode soar como clichê. Contudo, quando analisamos ela de perto e na prática, dentro das nossas vivências individuais, percebemos que o ato de amor a si mesma é muito mais complexo do que verdadeiramente gostaríamos que fosse.
Quantas de nós mulheres negras nos acostumamos com as migalhas oferecidas em todos os âmbitos das vida (amor, trabalho, amizades, relacionamentos familiares), porque a escassez é a narrativa imposta a mais de 300 anos?!
Porque, nós mulheres negras, temos tanta facilidade de nos encontrar nas narrativas de dor, sendo elas muitas vezes as que nos unem e damos menos atenção à construção de novas narrativas de amor e auto amor para além da estética? Por que insistimos em continuar onde a branquitude deseja que fiquemos eternamente? É para parar para pensar sobre…
Primeira vez que por aqui estamos lendo sobre ela, bell hooks. O primeiro contato foi com o artigo intitulado: O amor como prática da liberdade (aqui ó https://medium.com/enugbarijo/o-amor-como-a-pr%C3%A1tica-da-liberdade-bell-hooks-bb424f878f8c) um trecho importante do texto que nos chamou a atenção é quando ela diz:
“A consciência é central para o processo de amor como a prática da liberdade. Sempre que aquelas/es de nós que são membros de grupos oprimidos se atrevem a interrogar criticamente nossas posições, as identidades e lealdades que informam como vivemos nossas vidas, iniciamos o processo de descolonização. Se descobrimos em nós mesmas/os auto-ódio, baixa autoestima ou um pensamento branco supremacista interiorizado e os enfrentamos, podemos começar a curar. Reconhecer a verdade de nossa realidade, tanto individual como coletiva, é uma etapa necessária para o crescimento pessoal e político. Este é geralmente o estágio mais doloroso no processo de aprender a amar — o que muitas/os de nós procuram evitar.”
Contudo, como percorrer esse caminho, quando diversas de nós mulheres negras sofremos rejeições sucessivas ao longo da vida em diversas esferas? Como se amar e trabalhar para que o auto-ódio inserido em nós pela branquitude, possa ser efetivamente combatido diariamente a ponto de entendermos que diversas questões que permeiam nossa existência não tem absolutamente nada a ver conosco e que nesse quebra cabeça narcísico branco, a revolução está em verdadeiramente amarmos quem somos pelo que somos.
Como fugir da hipersexualização exacerbada de nossos corpos ou até mesmo o celibato forçado quanto comunidade? Como ser além de um corpo uma mulher que verdadeiramente consegue reconhecer seus valores para além de estereótipos criados para nos colocar em uma caixa, onde todas nós devemos performar “aquela negritude” e conseguir entender que, nós mulheres negras, somos plurais, diversas e que dentro dessas diferenças complementamos umas as outras de forma consciente e inconsciente?
Seria o amor afrocentrado a resposta para as nossas preces? Por aqui, acreditamos que sim. Todavia sabemos que em contrapartida, não há amor afrocentrado que resista a machismo, sexismo, violência física e falta de consciência racial, diálogo aberto e sincero e carinho. Mas aí fica a questão: Se você não se ama verdadeiramente, como amará aquele que está ao seu lado? E aí voltamos a parte inicial do texto, onde você se acostuma e se faz caber em relacionamentos que te fazem se acostumar com migalhas e pouco.
Ao longo do mês de Fevereiro vamos conversar com você tudo isso e um pouco mais, fechando o mês com uma deliciosa roda de conversa exclusiva para mulheres negras falando sobre a construção afetiva positiva da mulher negra. Porque é em comunidade que a revolução surge.
Então se você ficou interessada em ter essa troca pelo amor e não pela narrativa da dor, segue:
Dia 15/02, terça-feira
Horário:19h
Via: Plataforma virtual
Valor R$90,00
Forma de inscrição via sympla aqui
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