Entender a narrativa da interseccionalidade e negritude pela ponto de vista certo da história, é sobre isso!
Pensando nisso fizemos um convite a Maria Carolina, fundadora do Encruzilinhas, projeto onde ela aborda sobre de leitura e debate de textos sobre negritude, gênero, feminismos e militância. Todas as indicações abaixo são de mulheres negras, ou seja é uma lista perfeita para você ler mais mulheres pretas nesse ano de 2021 e nunca mais parar!
A vida não me assusta - autora Maya Angelou
Além de contar com a poesia precisa da Maya Angelou.
Essa edição comemorativa A Vida Não Me Assusta da editora Darkside, ainda traz ilustrações de Basquiat. É pra guardar do lado da cama, sendo você criança ou jovem há mais tempo.
Úrsula - autora Maria Firmino dos Reis
O primeiro romance abolicionista brasileiro, escrito por uma mulher preta, é inovador também na maneira como retrata negros libertos e escravizados.
Ainda que a personagem título seja uma mulher branca, a forma como Preta Suzana e Túlio se narram e são descritos, quebra os paradigmas dos romances da época, bem como humaniza todos os que tiveram a si ou a seus ancestrais sequestrados de África.
Quarto de despejo - autora Carolina Maria de Jesus
Mais do que um diário, ao escrever a si para sobreviver, Carolina Maria de Jesus traça um panorama histórico do Brasil dos anos de 1950.
A leitura, que completou 60 anos em 2020 deveria ser leitura obrigatória também nos cursos de História e Ciências Políticas.
Minha casa é onde estou - autora Igiaba Scego
"Eu sou uma encruzilhada". Assim se define Igiaba Scego no livro-cartografia Minha Casa é Onde Estou.
Por meio de memórias narrativas e lembranças concretas, Igiaba transita por Roma - sua cidade natal - e Modadíscio - terra de seus pais -, a fim de se descobrir e compreender afroitaliana. E, ao fazer isso, nos possibilita a todas, mulheres-pretas-encruzilhadas a nos significarmos.
Eu, Tituba bruxa negra de Salém - autora Maryse Condé
É Tituba, mas é Condé. É Condé, mas é Sycorax. É Sycorax, mas são todas as mulheres-bruxas queimadas ou não.
Somos todas nós, retratadas nesse romance histórico-(auto)biográfico que lança luz num dos episódios mais cruéis da humanidade.
O olho mais azul - autora Toni Morrison
No posfácio do livro, Toni Morrison revela que, quando era uma menina recém-ingressa na escola primária, ouviu de uma amiga o desejo de ter olhos azuis. “Olhei-a, imaginei-a com eles e senti uma repulsa violenta pela aparência que visualizei [...] O Olho Mais Azul foi a minha tentativa de dizer algo sobre isso [...]”.
Para entender a fala da amiga, bem como a própria vivência enquanto menina preta nos EUA segregado, Toni produz uma obra-prima (que deu a ela um Nobel de Literatura em 1993). Depois de tantas (re)leituras, o texto não é “sensacional!”. É retrato, crítica, tomada de consciência, náusea, crueza, “I can’t breathe”. É o meu livro preferido da vida!
Texto escrito por Maria Carolina é professora e escreve algumas coisinhas. Leitora voraz, apaixonada pela palavra, se dedica a pesquisas usando a metodologia da história oral. É idealizadora do @encruzilinhas, um projeto de leitura e debate de textos sobre negritude, gênero, feminismos e militância. É doutoranda da EACH-USP, do Programa de Pós-Graduação em Mudança Social e Participação Política.
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